Em palestra, ministro Flávio Dino defende que direitos sociais não podem ser facultativos

01 set 2025

“- Você já conseguiu pejotizar os seus empregados?”

“- Não consegui; o pessoal é muito acomodado… Acredita que eles não quiseram abrir mão de férias e 13º?”

O diálogo foi assistido pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, e reproduzido nessa quinta-feira (28/8) em palestra transmitida telepresencialmente para um auditório lotado durante o “Congresso Internacional Direito Sindical, Trabalho e Democracia”. O evento reuniu personalidades do direito, representantes da magistratura, advocacia e sindicatos, e aconteceu no recém nomeado auditório Amauri Mascaro Nascimento, no Fórum Ruy Barbosa, na capital paulista (Veja álbum).

Na apresentação, o ministro citou a conversa como exemplo de naturalização da ideia de que, atualmente, tudo é “pejotizável”, o que equivaleria a tornarmos os direitos sociais facultativos, algo inadmissível em sua opinião.

Nesse sentido, defendeu a regulação do trabalho “plataformizado”, ressaltou que todo ser humano necessita de segurança e disse que a construção da subjetividade humana depende dos direitos e do mundo do trabalho. “É curioso que os que querem destroçar a regulação do mundo do trabalho são os mesmos que são contra as políticas sociais compensatórias em nome da responsabilidade fiscal”, observou.

Ainda, pontuou que a democracia se fortalece na medida em que garante direitos à população, especialmente aos invisibilizados e precarizados, os quais precisam se valer da força coletiva para reivindicar direitos.

Na ocasião, também lembrou a importância de sindicatos fortes (que atuam como contraponto ao poder do Estado), mas reconheceu que nenhuma instituição sozinha garante a democracia. Finalizou avaliando que “Judiciário, Democracia e Trabalho são indissolúveis”, pois o destino de um basicamente define o do outro.

Concordância

Participante da mesa de abertura e anfitrião do evento, o presidente do TRT-2, desembargador Valdir Florindo, criticou a burla de direitos por meio da “pejotização”, instituto que, de modo fictício, transforma o trabalhador em “empresário de si mesmo”. Afirmou que a essência do trabalho não se altera por uma mera declaração, um contrato ou emissão de CNPJ, pois essa essência “está na pessoa humana e sua necessidade de sobrevivência”.

Concordou que democracia e direito do trabalho andam juntos, e pontuou que esse último nunca foi impedimento para o crescimento econômico, mas sim condição para um desenvolvimento sustentável, equilibrado e comprometido com a cidadania.

Defendeu a indispensabilidade da Justiça do Trabalho, que vem julgando milhares de processos e fornece aos trabalhadores e empregadores soluções justas para seus conflitos. “Não há democracia possível se o direito não é protegido. E é a Justiça do Trabalho, instituição prevista na Constituição Federal, chamada a concretizar o direito do trabalho, e tem feito isso de forma eficiente”, completou.

Mesa

Participaram da mesa de abertura da manhã, pelo TST, o ministro Maurício Godinho Delgado e a ministra Kátia Magalhães Arruda (diretora da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho), e pela 2ª Região, o desembargador-presidente, Valdir Florindo, e a desembargadora Bianca Bastos (diretora da Escola Judicial do TRT-2).

Avaliação

Para o advogado do Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais Flávio Roesberg, além de promover capacitação, eventos do tipo funcionam como espaço de reflexão e de debates. Assim como exposto na apresentação, defende a necessidade de adoção de um novo modelo de sociedade baseado no ser humano e com “perspectivas éticas e morais”, em vez de focada no lucro.

Fonte: Tribunal Regional do Trabalho 2ª Região São Paulo, 29.08.2025

Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto na forma, de inteira responsabilidade de seus autores. Não traduzem, por isso mesmo, a opinião legal de Granadeiro Guimarães Advogados.

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